AZOV NAZISTA? A MENTIRA QUE ENGANOU O MUNDO

Gilson Cleyton Por Gilson Cleyton 35 min de leitura

A quantidade gritante de noticias chamando a Ucrânia ou Azov de “Ninho de nazistas” na América Latina demonstra o quão forte e efetiva são as propagandas russas!

AZOV E A SUA EXPOSIÇÃO PARA O MUNDO

O Batalhão Azov e a ameaça de “neonazistas ucranianos” atraíram considerável cobertura da imprensa ocidental desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022

De 2014 a 2022, o Regimento Azov esteve sedeado na cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, e logo no começo da invasão russa, os combatentes Azov ganharam visibilidade global como defensores da cidade Mariupol, que a Rússia conquistou em maio após um sangrento cerco de dois meses, destruindo a maior parte da cidade no processo

Porém, Além da fama de “Defensores de Mariupol”, os defensores de Azov foram fortemente acusados de serem uma organização neonazista e que eles eram o motivo legal para Putin invadir a Ucrânia!

Afinal, O batalhão de Azov é uma organização nazista? a Ucrânia é um país cheio de nazistas? vamos aos fatos

A INSTABILIDADE DO GOVERNO UCRANIANO EM 2014

Para entendermos a criação do batalhão de Azov em 2014, devemos primeiramente entender oque estava acontecendo com o governo ucraniano naquela época

Entre 2010 e 2014, a Ucrânia passou por um período tumultuado, marcado por agitação política, tensões sociais e econômicas. Tensões essas causadas pelo governo de Viktor Yanukovych, presidente da Ucrânia que foi criticado por sua corrupção generalizada, falta de transparência e autoritarismo

Viktor Yanukovych, presidente da Ucrânia entre (2010 2014)

Graças ao seu péssimo governo, a economia ucraniana enfrentava dificuldades, com altos níveis de desemprego, inflação e baixo crescimento.

Durante o governo de Yanukovych, houve relatos de repressão a opositores políticos, censura à imprensa e abusos de poder. Além disso, Yanukovych foi associado a um sistema político corrupto e oligárquico que beneficiava seus aliados e prejudicava a população em geral.

Antes de ser Presidente, Yanukovysh tentou vencer às eleições de 2004, Viktor Yanukovych foi um candidato do governo apoiado pela Rússia, enquanto seu oponente, Viktor Yushchenko, representava uma plataforma mais pró-Ocidente e pró-democracia. As eleições presidenciais de 2004 foram marcadas por fraudes generalizadas em favor de Yanukovych, o que desencadeou protestos em massa conhecidos como a “Revolução Laranja”

Manifestantes na revolução laranja (2004)

A Revolução Laranja foi um movimento político ocorrido na Ucrânia em 2004, após as eleições presidenciais controversas que foram marcadas por acusações de fraude e irregularidades. O movimento recebeu o nome de “Laranja” devido à cor usada pelos manifestantes e apoiadores do candidato da oposição, Viktor Yushchenko.

Os manifestantes alegavam que as eleições haviam sido manipuladas em favor do candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovych, e exigiam uma nova votação justa. Milhares de ucranianos saíram às ruas em protesto pacífico, ocupando praças e edifícios públicos em Kiev e outras cidades do país.

A Revolução Laranja foi marcada por um intenso ativismo cívico e apoio popular, com manifestações maciças e uma atmosfera de unidade nacional. Após semanas de protestos e pressão internacional, a Suprema Corte da Ucrânia anulou os resultados eleitorais fraudulentos e ordenou a realização de uma nova eleição presidencial.

Em dezembro de 2004, Viktor Yushchenko venceu a eleição revista e tornou-se presidente da Ucrânia. A Revolução Laranja é considerada um marco na história política do país, simbolizando a luta pela democracia, transparência eleitoral e independência nacional

No entanto, Yanukovych retornou ao poder em eleições subsequentes em 2010, antes de ser deposto em 2014 após os protestos no Euromaidan

viktor yanukovych junto com vladimir putin

Viktor Yanukovych foi presidente da Ucrânia de 2010 a 2014. Seu governo foi marcado por uma série de controvérsias e escândalos. Ele foi acusado de corrupção, nepotismo e autoritarismo. Yanukovych tinha laços estreitos com a Rússia e sua política externa era frequentemente vista como favorável ao Kremlin. Durante seu mandato, houve protestos em massa na Ucrânia, culminando na Revolução Ucraniana de 2014

Manifestantes ucranianos e de outras partes do mundo reunidos na revolução de 2014 (Euromaidan)

O movimento Euromaidan teve início em novembro de 2013, quando o governo de Yanukovych anunciou que não assinaria um acordo de associação com a União Europeia, optando por fortalecer os laços com a Rússia. Isso desencadeou protestos em massa em Kiev e em outras cidades da Ucrânia, com manifestantes exigindo uma mudança de rumo na política do país em direção à Europa e contra a corrupção.

Os protestos no Euromaidan foram liderados por estudantes, ativistas, membros da sociedade civil e políticos da oposição. As manifestações cresceram em escala e intensidade, resultando em confrontos violentos entre os manifestantes e as forças de segurança do governo. O Euromaidan se tornou um símbolo da luta pela democracia, liberdade e integração europeia da Ucrânia.

jovens ucranianos reunidos em manifestações contra o governo de yanukovych (2014)

A repressão violenta dos protestos pelo governo de Yanukovych, incluindo o uso de força letal contra os manifestantes, provocou indignação nacional e internacional. Em fevereiro de 2014, os confrontos atingiram um ponto crítico com dezenas de mortes e Yanukovych fugiu para a Rússia. Isso levou à queda do governo, à formação de um novo governo pró-europeu e à realização de eleições presidenciais antecipadas na Ucrânia

viktor yanukovych se encontrando com vladimir putin após fugir da ucrânia (2014)

Após a saída de Yanukovych, um governo provisório foi formado na Ucrânia, liderado por Arseniy Yatsenyuk, que assumiu o cargo de primeiro-ministro. Ele liderou o país durante um período de transição e reformas políticas.

Em maio de 2014, Petro Poroshenko foi eleito presidente da Ucrânia em uma eleição considerada livre e justa. Poroshenko assumiu o cargo com a missão de enfrentar os desafios econômicos, políticos e de segurança que o país enfrentava.

REAÇÃO RUSSA ÁS MANIFESTAÇÕES

Agora que vocês já entenderam a instabilidade ucraniana e os muitos conflitos internos, vamos falar da reação russa aos diversos protestos contra o Yanukovych

Em meio à crise política, a Crimeia, uma região da Ucrânia, foi anexada pela Rússia em março de 2014, desencadeando um conflito internacional e aumentando as tensões entre a Ucrânia e a Rússia.

Tropas russas invadindo e anexando a crimeia (2014)

Em 2014, durante a crise na Ucrânia e a anexação da Crimeia pela Rússia, a cidade de Mariupol se tornou um ponto crucial de defesa para as forças ucranianas. Mariupol é uma cidade portuária estrategicamente localizada no sudeste da Ucrânia, próxima à fronteira com a Rússia.

As forças separatistas apoiadas pela Rússia lançaram uma ofensiva para tomar o controle de Mariupol, visando expandir seu território e estabelecer um corredor terrestre entre a Crimeia e as regiões separatistas do leste da Ucrânia. As forças ucranianas, compostas por militares e voluntários, montaram uma defesa improvisada para proteger a cidade.

separatistas russos em um pôster fazendo referência ao filme “Os 300” (2014)

Durante os combates em Mariupol, as forças ucranianas enfrentaram um cerco intenso e pesadas ofensivas das forças separatistas. A batalha foi marcada por confrontos intensos, bombardeios e combates urbanos. As forças ucranianas resistiram bravamente, mas em alguns momentos a situação se tornou crítica, com relatos de avanços significativos das forças separatistas.

No entanto, a defesa de Mariupol foi reforçada por apoio militar e logístico externo, incluindo o envio de armas e suprimentos pelos países ocidentais. Além disso, a determinação e coragem das tropas ucranianas e dos voluntários locais desempenharam um papel crucial na resistência da cidade.

Após intensos combates e semanas de cerco, as forças ucranianas conseguiram manter o controle de Mariupol e impedir sua queda nas mãos das forças separatistas apoiadas pela Rússia. A defesa bem-sucedida de Mariupol foi vista como um marco na resistência ucraniana contra a agressão russa e contribuiu para manter a integridade territorial do país.

soldados e voluntarios ucranianos lutando em mariupol (2014)

o Batalhão Azov em 2014 era uma unidade paramilitar formada por voluntários nacionalistas ucranianos, eles participaram ativamente da defesa de Mariupol em 2014 durante os combates contra as forças separatistas apoiadas pela Rússia. O Batalhão Azov foi uma das várias unidades voluntárias que se juntaram às forças armadas ucranianas para defender a cidade e outras áreas sob ataque.

O Batalhão Azov ganhou destaque por sua participação nas operações de combate na região leste da Ucrânia e foi elogiado por sua coragem e determinação na linha de frente. No entanto, também recebeu críticas devido às suas ligações com ideologias nacionalistas e extremistas.

Durante a batalha de Mariupol, o Batalhão Azov desempenhou um papel significativo na defesa da cidade, contribuindo com suas habilidades de combate e experiência militar. Sua presença e participação nas operações refletem a diversidade das forças envolvidas na resistência ucraniana contra a agressão russa na região.

Unidades do Já extinto batalhão de azov em mariupol (2014)

Para conter o ímpeto separatista, o governo ucraniano recorreu a voluntários, pessoas com qualquer experiência militar ou mesmo de ideologias diversas, desde que fossem capazes de lutar e estivessem dispostas a pegar em armas para defender o país

Foi nesse meio de “pessoas diversas” que o governo ucraniano aceitou a entrada dos tais “ultras” nos combates separatistas em Mariupol. Ultras é um terno usado pelo cientista politico Anton Shekhovtsov, que já se referiu ao Antigo batalhão Azov de 2014 como “hooligans do futebol”

É verdade, no entanto, que a história de Azov está enraizada em um batalhão voluntário formado pela liderança de um grupo neonazista chamado “Patriota” da Ucrânia” na primavera de 2014. No contexto da invasão armada da Rússia do leste da Ucrânia e a total ineficiência do exército regular ucraniano (que foi enfraquecido e saqueado pelo regime pró-Kremlin anterior), o Estado precisava de alguém que estivesse pronto para se juntar às unidades voluntárias e lutar. Sim, “qualquer um”, incluía ativistas extremistas, mas também anarquistas, liberais, conservadores e pessoas apolíticas. incluía também lutadores de diferentes convicções ideológicas.

 Dito por: Anton Shekhovtsov – cientista politico e professor da Universidade de Viena

Após a batalha de Mariupol em 2014, o Batalhão Azov foi formalmente incorporado à Guarda Nacional da Ucrânia como o Regimento de Infantaria Mecanizada Azov. A incorporação do Batalhão Azov à Guarda Nacional foi parte dos esforços do governo ucraniano para integrar e regularizar as várias unidades voluntárias que haviam se formado durante o conflito no leste da Ucrânia.

O Regimento Azov foi repetidamente reconstituído; seus primeiros líderes extremistas, foram removidos ou expulsos,

E até mesmo, o seu temível Símbolo regimental pseudopagão foi abandonado.

Antigo simbolo pseudopagão do batalhão de azov, nessa época, ele era uma milicia desorganizada, porém foi reconstruído
novo simbolo das unidades azov após serem incorporadas oficialmente na guarda nacional ucraniana

O Batalhão Azov foi incorporado à Guarda Nacional da Ucrânia (um ramo militarizado do Ministério do Interior) em outubro de 2014. Desde então, como formação militar, segue a linha e as ordens oficiais. Eles têm estado constantemente envolvidos na guerra contra os separatistas
pro russos desde que começaram a lutar.

É valido ressaltar que atualmente o “Batalhão de Azov” não existe mais, o atual nome dele é diversas vezes referido como “Regimento Azov”

AZOV ACUSADO DE TREINAR TERRORISTAS E INSTIGAR MASSACRES, ISSO ACONTECEU?

Em outubro de 2016, o deputado novato Max Rose (D-NY) escreveu uma carta do Congresso endereçada ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que retratava Azov como parte de uma “central terrorista global” de ultradireita análoga à Al Qaeda ou ao Estado Islâmico. A carta relata o caso de um homem que executou os massacres em mesquitas na Nova Zelândia em março passado, matando pelo menos 50 fiéis, e nessa carta, foi alegado que ele treinou com os Azov.

A resposta do Departamento de Estado à carta foi descompromissada, negando que sua falha em designar vários grupos estrangeiros como organizações terroristas tivesse algo a ver com “ideologia ou motivos”.

O Batalhão ucraniano “Azov” foi fundado em 2014 entre outras unidades militares para defender o leste da Ucrânia da invasão militar russa. Azov agora é formalmente parte das forças armadas da Ucrânia, tendo sido incorporado à Guarda Nacional, e não deve ser identificado como um grupo terrorista.

Após essa “denúncia” o cientista politico Anton Shekhovtsov fez uma publicação repudiando e criticando a errônea desinformação que foi repassada para o congresso

Anton Shekhovtsov é um conhecido pesquisador ucraniano da direita radical e dos movimentos neonazistas, publicou um artigo sobre por que a unidade militar ucraniana Azov não deve ser considerada uma “organização terrorista”

Em seu recente artigo de opinião no New York Times“Nós já lutamos contra jihadistas. Agora lutamos contra os supremacistas brancos”, o congressista democrata Max Rose e o ex-agente especial do FBI (Federal Bureau of Investigation) Ali H. Soufan levantam uma questão crítica: até que ponto podemos considerar o terrorismo doméstico de direita um fenômeno exclusivamente doméstico? Na sequência, eles também perguntam sobre o papel que as ligações transnacionais têm no processo de radicalização entre diferentes grupos de extrema direita.

Um dos exemplos que o artigo apresenta aos leitores é o do Batalhão Azov ucraniano, que o FBI chama de “unidade paramilitar”, notória por sua “associação com a ideologia neonazista”. Infelizmente, esta e outras referências a Azov feitas no artigo são enganosas, o que torna todo o exemplo irracional e, infelizmente, prejudicial para o importante argumento dos autores.

O que os autores chamam de “Batalhão Azov ucraniano”, onde acrescentam uma descrição como “uma unidade paramilitar”, é, na verdade, um Destacamento de Operações Especiais “Azov” – um regimento da Guarda Nacional ucraniana que faz parte do Ministério do Interior. Isto significa que o Azov não é uma unidade paramilitar nem tem qualquer independência em relação ao Estado, mas que é parte integrante das estruturas oficiais e que segue ordens dadas pelo Ministério do Interior.

Unidades azov da 12ª Brigada de Propósitos Especiais da Guarda Nacional Ucraniana Azov, essa é mais uma das várias divisões azov

Mas, embora a natureza ideologicamente inimiga das raízes de Azov seja indiscutível, também é certo que Azov tentou se despolitizar; a liderança tóxica e extremista deixou formalmente o regimento e fundou o que se tornaria um partido de extrema-direita chamado “Corpo Nacional”. O partido formou um bloco eleitoral com os outros partidos extremistas ucranianos para as eleições parlamentares de 2019, mas mesmo uma frente unida de extremistas obteve apenas míseros 2,15% dos votos e, portanto, não conseguiu garantir um único assento no Parlamento ucraniano

No entanto, conceber erroneamente o status atual de Azov como uma “unidade paramilitar” em vez de um regimento oficial é apenas parte do problema com o artigo de opinião de Rose e Soufan, que apresenta o seguinte parágrafo enganoso:

Anton Shekhovtsov

“O australiano [Brenton Tarrant] que em março do ano passado assassinou cinquenta e um fiéis em mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, afirmou em seu manifesto que havia viajado para a Ucrânia; durante os ataques, ele usava um símbolo usado pelo Batalhão Azov. O diretor do FBI alertou recentemente que extremistas americanos também estão viajando para o exterior para treinamento paramilitar. Entre os que treinaram com Azov estão vários dos homens responsáveis por fomentar a violência no comício Unite the Right em Charlottesville, Virgínia, em agosto de 2017

Analisemos este parágrafo com mais detalhes. Dirigindo-se a seus potenciais seguidores em seu manifesto de ódio, Tarrant fez sua única referência à Ucrânia na seguinte passagem: “Você não encontrará nenhum indulto, nem na Islândia, nem na Polônia, nem na Nova Zelândia, nem na Argentina, nem na Ucrânia, nem em nenhum lugar do mundo. Eu sei, porque eu estive lá.”

“Esteve lá” não significa necessariamente que Tarrant estava na Ucrânia – a frase geralmente significa que ele viu o mundo: “em qualquer lugar do mundo… Já passei por isso.” E isso, até certo ponto, é verdade; Tarrant visitou vários países nos anos que antecederam o ataque terrorista, embora seja surpreendente que ele não tenha mencionado a França. No entanto, como a frase permite uma interpretação diferente, vamos supor que Tarrant visitou a Ucrânia, tendo em mente que esta é sua única referência ao país.

Em seguida, os autores tentam ligar Tarrant a Azov, dizendo que ele usava “um símbolo usado pelo Batalhão Azov”. Em uma das imagens do ataque de Tarrant, é possível ver um patch com o chamado símbolo do Sol Negro. O Sol Negro foi apropriado pela Alemanha nazista e, mais tarde, tornou-se um símbolo popular entre extremistas de direita em todo o mundo. Azov usou o símbolo do Sol Negro no passado, mas conectá-lo exclusivamente a Azov é incorreto porque este simplesmente usou as imagens de extrema direita já disponíveis e amplamente difundidas. Nenhuma organização, além do histórico partido nazista, pode reivindicar o monopólio sobre o símbolo do Sol Negro.

No entanto, os autores vão ainda mais longe e argumentam que “extremistas americanos também estão viajando para o exterior para treinamento paramilitar”. O uso de “too” implica que Tarrant não apenas supostamente desfrutou das vistas da Ucrânia, mas também participou de exercícios de treinamento paramilitar. Apesar dessa afirmação, não há uma única evidência que apoie a ideia de que Tarrant estava realmente na Ucrânia em primeiro lugar, muito menos para treinamento paramilitar.

Por fim, o artigo argumenta que “entre aqueles que treinaram com Azov estão vários dos homens responsáveis por fomentar a violência no comício Unite the Right em Charlottesville, Virgínia, em agosto de 2017”. Esta alegação vem de apenas uma fonte – ou seja, de um depoimento e queixa-crime contra Robert Rundo e três membros do Movimento Rise Above (RAM), de extrema-direita norte-americano, fundado por Rundo. Eles foram acusados “de incitar e conspirar para cometer violência em conexão com vários comícios, incluindo o comício de agosto de 2017 em Charlottesville, Virgínia”

Anton Shekhovtsov

Azov lutando na guerra da Ucrânia

Unidades regulares azov

Azov como um todo voltou à guerra após a invasão russa da Ucrânia e até mesmo já estavam lidando com separatistas pro russos no leste europeu, e mesmo com a incorporação da organização à Guarda Nacional e à Força Armada da Ucrânia, ainda sim diversos jornais e especialistas questionam a funcionalidade e função de Azov, alguns até criticam a absorção do batalhão pela guarda nacional, porém foi uma ideia casual e necessária. E agora, O regimento Azov é uma unidade poderosa dentro do exército ucraniano.

Outros especialistas como Ivan Gomza também afirmam que o atual regimento Azov é um regimento autêntico e organizado, controlado diretamente pelo governo ucraniano

Ivan Gomza é Diretor Acadêmico do Programa de Políticas Públicas e Governança da Kyiv School of Economics, Formado como cientista político, ele recebeu seu PhD em 2012

Vladimir Putin tem insistido teimosamente que as forças russas estão invadindo a Ucrânia para “desnazificar” o país. Muitos ocidentais estão compreensivelmente assustados, já que o presidente da Ucrânia é uma autoridade democraticamente eleita que perdeu familiares no Holocausto. O mais alto rabino da Ucrânia se perguntou se a desnazificação tem como alvo o presidente ucraniano ou o chefe da oposição política, ambos de ascendência judaica. Além disso, uma comunidade profissional de estudiosos do genocídio e do nazismo se opõe veementemente à “equação do Estado ucraniano com o regime nazista”.

É certamente verdade que Azov foi uma organização ultranacionalista e até neonazista em sua fundação. O movimento teve origem na cultura de extrema-direita e usava símbolos nazistas. Seus líderes tentaram construir alianças transnacionais com organizações céticas em relação ao liberalismo e à democracia, e alguns membros fizeram declarações que poderiam ser descritas como simpáticas ao fascismo.

No entanto, como qualquer movimento militante e social, evoluiu para além de suas origens. As organizações terroristas podem se transformar em partidos políticos, e as visões radicais podem se tornar moderadas. Os exemplos são abundantes. Eles incluem o Irgun, um grupo terrorista judeu que se tornou o Partido Herut de Israel – o antecessor do atual partido Likud -, os sandinistas nicaraguenses e a Frente Nacional Mizo (MNF) étnica da Índia. O caso MNF é particularmente sedutor. Este grupo militante da etnia Mizo (mora em Assam, perto da fronteira entre Mianmar e a Índia) era liderado por Laldenga desde o início da década de 1960. 

A partir de março de 2022, o movimento Azov compreende (1) o Batalhão da Guarda Nacional Azov (ucraniano: polk) conjunto com a Guarda Nacional atualmente implantado como força de guarnição na cidade sitiada de Mariupol; (2) recentemente criou o Batalhão de Operações Especiais Azov conjunto com as Forças Armadas da Ucrânia atualmente posicionadas em Kiev; (3) várias companhias Azov (ucranianas: rota) fundiram-se com as Forças de Defesa Territorial e servindo como reservas militares e unidades defensivas nas regiões de Zaporizhzhia, Mykolayiv, Chernihiv e Dnipro-city

A evolução organizacional do Azov chegou ao fim. Como Maksym Zhorin, chefe do Batalhão de Operações Especiais Azov, me disse em uma mensagem privada: “A política foi adiada para outros tempos, atualmente temos que salvar o país”. A trajetória pessoal de Zhorin personifica a evolução do Azov. Nascido na região de Luhansk, de língua russa, ele é emocionalmente ligado à sua “pequena pátria”. Nesse aspecto, ele é representante do Azov como um todo do movimento. Em 2014, Zhorin se voluntariou para o leste como membro do “Corpo Negro”. Lá, ele adquiriu considerável experiência de combate enquanto participava das operações de Illovaisk, Shhyrokino e Pavlopil. Em 2016, tornou-se chefe do Batalhão Azov e até tentou a sorte disputando uma vaga no Parlamento em 2019. Durante sua carreira política, Zhorin foi crítico em relação a Poroshenko e Zelensky, que supostamente o presidente ignorou a ameaça russa. Agora, deixando as diferenças políticas para trás, ele está de volta às trincheiras.

Ivan Gomza

Além do Ivan Gomza e de Anton Shekhovtsov, também existe uma pesquisa acadêmica feita por Alasdair Mccallum e publicada na Monash University

Alasdair McCallum Está cursando doutorado na Escola de Ciências Sociais da Universidade de Monash, Ele publicou varios artigos acadêmicos revisados por pares nos campos da história ucraniana e russa. Antes de iniciar sua tese, Alasdair viveu e trabalhou por mais de 18 meses em Moscou, na Rússia

Alasdair Mccallum foi uma peça central na criação desse artigo, já que ele reuniu diversas pesquisas, além das que foram citadas acima, ele também juntou diversos artigos e detalhou cada ponto

Tanto Shekhovtsov quanto Gomza descrevem Azov como “despolitizado”, com Umland escrevendo que “seus recrutas agora se juntam não por ideologia, mas porque tem a reputação de ser uma unidade de combate particularmente dura”.

No entanto, a mídia estatal russa faz referências intermináveis ao diabólico “Azovtsy” para justificar sua brutal invasão da Ucrânia.

Uma análise de mais de oito milhões de peças da mídia russa mostra como o bicho-papão do “nazismo” na Ucrânia satura sua mídia pós-invasão, com a suposta ameaça de “neonazistas” de Azov armados para justificar a brutal destruição de Mariupol pela Rússia.

Embora não possamos esperar integridade dos canais estatais russos, é lamentável que esse assunto de “azov nazista” também persista em nossa mídia.

É valido lembrar que a Rússia armou a suposta ameaça de “neonazistas” de Azov para justificar sua brutal destruição de Mariupol, incluindo a siderúrgica Azovstal.

Alasdair Mccallum

Se Azov não é mais nazista, porque ainda se escuta isso no ocidente?

Como vocês viram acima, diversos especialistas como Vyacheslav LikachevAnton ShekhovtsovAnders Umland e Ivan Gomza, e organizações como a ADL e até a Meta concordam que o Azov se desradicalizou e despolitizou, hoje eles não estão mais ligados ao neonazismo ou extremismo.

No entanto, essas afirmações propagandísticas da Rússia sobre Azov são frequentemente repetidas em alguns meios de comunicação ocidentais, com fontes tão diversas como os veículos conspiracionistas Grayzone e Consortium News, o respeitável The Intercept e Branko Marcetic de Jacobin, Tucker Carlson e a devota do QAnon Marjorie Taylor-Greene, demonstrando uma fixação contínua com Azov.

Tem também grupos como os Socialistas Democráticos da América (DSA) e o grupo nominalmente feminista e antiguerra Code Pink invocaram Azov como motivo para negar o apoio dos EUA à Ucrânia.

Socialistas Democráticos da América (DSA), apontados como um dos maiores propagandistas pro rússia
movimento feminista antiguerra Code Pink, também apontados
como grande propagandista pro russo

Existem outros grupos muito influente nas americas também, que espalham propaganda pro russa e que invocam esse “Fantasma do Nazismo” sobre não só a Ucrânia, mas também sobre o atual regimento de Azov, como por exemplo a “Nova resistência”

A nova resistência é outra organização apontada como grande propagandista pro russo nas americas

A nova resistência é um caso inusitado, afinal, o próprio Departamento de Estado Americano já descreveu essa organização como uma organização com moldes neofascistas, com o proposito de espalhar desinformação pro russa pelas americas e até pelo mundo

nova resistência é acusada de ser pro russa e espalhar desinformação – Publicação do Departamento de estado de estado americano

Além de explicar as ligações ideológicas da Nova Resistência, o departamento fez um resumo sobre como eles enxergam essa organização

A Nova Resistência é uma organização neofascista quase paramilitar que opera na América do Sul, Europa e América do Norte com profundas conexões com entidades e indivíduos dentro do ecossistema de desinformação e propaganda da Rússia. Junto com o site de propaganda em inglês Fort Russ News (FRN) e o pseudo-think tank autoritário Center for Syncretic Studies (CSS) – ambos adormecidos desde fevereiro de 2022 – a Nova Resistência foi formada por uma rede de desinformação e propaganda pró-Kremlin e foi inspirada em Aleksandr Dugin, um “filósofo” russo sancionado pelos EUA e principal defensor de um movimento imperialista euroasiático antiocidental liderado pela Rússia. A rede, doravante denominada Rede Sincrética de Desinformação (SDN), promove agressivamente a Quarta Teoria Política (4PT) de Dugin, que busca unir a extrema-direita e os movimentos de extrema esquerda com o objetivo de destruir a ordem pós-Segunda Guerra Mundial. A Nova Resistência apoia ativamente regimes autoritários à esquerda e à direita globalmente e promove os objetivos geopolíticos do Kremlin de desestabilizar as democracias e minar a ordem internacional baseada em regras.

Departamento de Estado Americano

Como vocês puderam ver, existe um enorme investimento em propagandas pro russas, causadas seja por pessoas desinformadas ou por organizações pro russas autênticas, além de mídias ligadas direta e indiretamente com a Rússia e até mesmo organizações Anti-Otan, que costumam expalhar desinformação e até mesmo notícias manipuladas para prejudicar o esforço de guerra ucraniano, aliados ucranianos e até mesmo para tentar de alguma forma justificar a invasão russa da Ucrânia

Conclusão

Antigo simbolo (esquerda) Atual simbolo (direita)

É valido lembrar que existem várias divisões Azov espalhadas pela Ucrânia, cada um com um símbolo diferente e com uma função especifica, recomendo vocês verem outros artigos nossos para entender a diferença de cada uma

Mas resumindo esse artigo, o batalhão Azov (2014) foi uma milícia desesperada que surgiu para defender Mariupol e regiões próximas durante a primeira invasão russa e as guerras separatistas no leste europeu

De fato existiam diversos elementos usando simbologia e outras coisas, é válido levar em consideração que existem também registros de que alguns russos que invadiram aquela região ainda naquela época também usavam símbolos neonazistas

Porém, logo mais tarde o batalhão de Azov foi absorvido pelo governo ucraniano e ele foi inteiramente reconstruído, nessa época os líderes e membros que tinha ligações com coisas erradas foram removidos

Hoje em dia o batalhão de Azov de 2014 não existe mais, mas sim, o Regimento Azov (2024) que é um grupo completamente novo e não se teve nenhum registro de pessoas usando simbologia nazistas, o argumento de um “Azov nazista” ainda é levantado por pro russos ou por grupos socialistas no mundo todo

Grupos socialistas costumam odiar a Ucrânia porque lá na Ucrânia, partidos socialistas não se elegem (vou nem dizer o porquê) Enquanto os pro russos que não seguem a linha socialista, usam esse argumento como justificativa para invadir a Ucrânia e costumam levantar um ódio contra a Otan e a aproximação da Ucrânia com o ocidente.

Por Gilson Cleyton Sir Gilson
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Eu sou um Youtuber, Influencer, ADM e Blogueiro nas horas vagas, faço artigos baseados em cientistas Políticos como Ivan Gomza, Anton Shekhovtsov e também baseado no Professor de história moderna Oleksandr zaitsev. Tenho foco no estudo sobre o Nacionalismo integral e estou empenhado em mostrar ao mundo uma outra visão e tentando ir além das propagandas pro russas da America Latina
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