A França e os Países Baixos apoiaram um plano para comprar munições fora da Europa, a fim de entregar rapidamente o tão necessário equipamento militar à Ucrânia, que enfrenta uma guerra contra a Rússia desde 2022.
O plano, conhecido como Plano de Praga, foi apresentado pelo primeiro-ministro da República Checa, Petr Fiala, numa cimeira extraordinária de líderes europeus em Paris, na segunda-feira, 26 de fevereiro.
O objetivo do plano é fornecer à Ucrânia cerca de um milhão de munições de 155 mm, que são escassas tanto no país como nos arsenais dos Estados-membros da União Europeia (UE). Segundo fontes diplomáticas, a Ucrânia precisa de aproximadamente 350 mil projéteis por mês para conter o avanço russo e planejar contraofensivas ainda este ano
O presidente francês Emmanuel Macron, que convocou a reunião de alto nível, expressou o seu apoio à iniciativa checa e disse que a França participaria dela.
A proposta checa está totalmente em linha com o que fizemos em termos de artilharia. Pedimos aos países terceiros que encontrassem uma solução. Participaremos nesta iniciativa. Estamos completamente abertos a ela. O nosso único objetivo é a eficiência”,
afirmou Macron em conferência de imprensa após as negociações.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, também se mostrou favorável ao plano e anunciou que o seu país contribuiria com 100 milhões de euros (109 milhões de dólares) para a sua implementação. Rutte manifestou esperança de que outras capitais se juntassem a ele e disse que a Holanda estava a concluir um acordo de segurança com a Ucrânia para continuar a apoiar o país durante, pelo menos, os próximos dez anos³.
O primeiro-ministro checo, Petr Fiala, disse que 15 países poderiam apoiar a proposta do seu país, embora não os tenha mencionado. Ele explicou que o plano consistia em três etapas: a primeira seria usar um bilhão de euros do Fundo Europeu de Apoio à Paz (FEAP) para ressarcir os países que tivessem munições disponíveis ou encomendadas para fornecer à Ucrânia;
A segunda seria fazer compras conjuntas de munições de 155 mm com outro bilhão de euros do FEAP; e a terceira seria estimular a capacidade de produção das empresas europeias de defesa, a fim de abastecer a Ucrânia e repor as reservas nacionais.
“De acordo com as nossas estimativas, em 2025 deverá haver produção suficiente de munições na Europa e na Ucrânia, mas precisamos de superar o período até lá. A iniciativa checa é uma forma pela qual os estados europeus podem fazer isso”, disse Fiala².A ministra portuguesa da Defesa, Helena Carreiras, que presidiu a reunião dos ministros da Defesa da UE, anunciou que havia um acordo político entre os Estados-membros para a aquisição de munições de grande calibre para a Ucrânia.
Ela disse que esperava que os primeiros contratos de encomendas fossem assinados ainda em março ou no início de abril. No entanto, nem todos os países da UE estão de acordo com o plano. A França e outros países resistem à utilização de fundos da UE para comprar munições fora do bloco. Paris defende que esse dinheiro seja gasto no desenvolvimento da própria indústria da UE, que tem uma capacidade limitada e demorada de produzir munições de 155 mm.
O plano tem sido criticado por alguns analistas e jornalistas, que consideram que ele é insuficiente, tardio ou contraproducente. Por exemplo, Sébastien Roblin, especialista em assuntos militares, escreveu na CNN que o plano era “uma gota no oceano” e que a Ucrânia precisava de mais apoio militar, incluindo defesas aéreas, drones e veículos blindados. Nathalie Loiseau, presidente do subcomitê de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu, e o legislador francês Benjamin Haddad, presidente do comitê de amizade França- Ucrânia do Parlamento, recomendaram o estabelecimento de um pacote de 1 bilhão de euros, com os Estados-membros contribuindo com base em seus PIBs.